"A felicidade está nas coisas mais simples da vida."
Neste final de semana não tivemos
aventura, mas uma coisa que adoramos fazer quando estamos em casa, é colocar as
fotos das aventuras que já fizemos pra rodar no computador e ficarmos assistindo elas
passarem, lembrando-se das histórias, dos amigos que fizemos e também para darmos
algumas risadas.
Em certo momento começaram a
passar fotos de um lugar que fomos de bike, chamado Colônia Castelhanos, uma
colônia rural que pertence a São José dos Pinhais, mas que fica na região
litorânea do estado. Isso mesmo, São José dos Pinhais na região litorânea!
Nossa aventura para este
“paraíso” começou assim: num sábado qualquer, estava em casa almoçando com
minha família e minha mãe assistia a uma reportagem do programa Meu Paraná,
falando sobre uma colônia rural em meio a Serra do Mar, a Colônia Castelhanos. A
reportagem mostrava uma colônia que fica em uma área de preservação ambiental,
um lugar pouquíssimo conhecido, distante, de difícil acesso, mas que é chamada (merecidamente)
de "paraíso" pelos moradores.
Nessa hora já brilhou o olho,
cresceu a ideia de pegar a bike e começou a coçar as perninhas pra ir pra lá!
Falei com a Jé e começamos a
pesquisar sobre como chegar até a colônia, pois se era em São José dos Pinhais,
não seria tão longe assim. Terrível engano nosso... hehehe.
A colônia fica a 70 km da sede do
município, entrando no km 62 da BR-376, seguindo mais 17 quilômetros por
estradas de terra, em meio à mata fechada, até atingir o rio São João.
Portanto, nossa pedalada seria de mais ou menos 90 km até chegar á colônia e
mais 90 km pra voltar.
Segundo os moradores do lugar,
este nome originou-se devido a alguns espanhóis (assassinos e ladrões)
refugiarem-se na região no início do século passado. O lugar passou a chamar-se
refúgio dos castelhanos. Outra versão é a de que os espanhóis, ao passarem
pelas trilhas dos índios e admirados com a beleza natural do lugar, chamaram o
lugar de Castillas (pequenos castelos), e os que habitavam estas castillas
chamava-se castelhanos.
Saímos de casa cedo, e fomos rumo a BR-101. Na rodovia a estrada estava tranquila, subidas fortes apenas na região da represa do Vossoroca e apesar do ventinho frio, o dia estava bem agradável para se pedalar.
Depois de mais de 70 km pedalados, chegamos a entrada da estrada de terra que leva à colonia.
O mais engraçado e difícil de acreditar é quando alguém fala que a colônia é em São José dos Pinhais. A rota é assim: saímos de Pinhais, passamos por São José dos Pinhais, depois por Tijucas do Sul, descemos a Serra do Mar, cruzamos a divisa de Tijucas-Guaratuba e então a divisa Guaratuba-São José dos Pinhais. Confuso né?!
Depois de chegarmos a estrada de terra iniciamos um longa e íngreme descida de uns 12 km até o Rio São João, que faz a divisa entre Guaratuba e São José dos Pinhais. Uma descida alucinante com muitas pedras soltas e nos trechos mais íngremes muitos buracos. A paisagem era incrível, estrada de terra sem movimento algum de carro, em meio a exuberante mata atlântica! No fim da descida um rio de água cristalina, de encher os olhos.
Passado o rio pedalamos por mais alguns quilômetros e encontramos o primeiro sinal de civilização, uma escolinha rural e um boteco. Andamos mais um pouco e encontramos outro boteco. Como não sabíamos onde estávamos e já estava estranho termos andado tantos quilômetros sem encontrar a colonia, paramos no boteco pra perguntar quanto faltava até lá. A conversa foi mais ou menos assim:
-Boa tarde amigo, onde fica a Colonia Castelhanos?
-Boa tarde. Aqui é a Colonia Castelhanos!
-Aqui? Mas não passamos por nenhuma casa ou pessoa. A Colonia segue ainda pra frente?
-Sim! Mais a estrada tem mais uns 300 metros. Tem a igreja, umas casinhas e o campo de futebol, daí a estrada acaba!
-Quantas gente vive nessa colonia?
-Tem uns 200 moradores!
Nós esperávamos encontrar chácaras, casas, fazendas, coisas tipicas de uma colonia. Mas na Castelhanos tinha uma dúzia de casas apenas, hahaha.
Fomos até o fim da estrada, fomos no rio que costeia a estradinha o tempo todo, na igrejinha e tiramos várias fotos do lugar. Depois voltamos ao bar para perguntar onde poderíamos acampar por ali. O dono do bar disse poderíamos acampar no salão da igreja mas poderíamos usar o banheiro da casa dele e a cozinha também!
Quando a noite foi chegando, as pessoas que vivem na colonia começaram a chegar no boteco. Ficamos batendo papo com as pessoas e descobrimos algumas curiosidade, como: na colônia não tem sinal de celular, não tem sinal de TV, não tem sinal de rádio e internet não chegou nem perto ainda. Então todas as noites os moradores se reúnem no bar pra jogar cartas, bater papo, falar da vida dos outros, as crianças ficam brincando juntas, e todos numa alegria total. Isso me lembrou muito as histórias que minha mãe conta sobre quando ela vivia no interior do Rio Grande do Sul e a alegria deles era fazer "serão" a noite na casa dos vizinhos.
Conhecemos pessoas incrível, de uma simplicidade e alegria sem tamanho. Eles nos convidaram pra tomar uma cerveja e eu não pude recusar né. Parecia que eles não recebiam uma vizita a muito tempo, procuravam nos agradar o tempo todo. O difícil foi parar de tomar cerveja a noite, pois antes mesmo do meu copo esvaziar, eles já gritavam: "traz mais uma aqui pro bicicretero que o copo dele tá vazio".
Parece algo bobo, mas estávamos numa realidade totalmente diferente da que vivemos! Sem Internet, TV, radio e celular, as pessoas se reunindo pra conversar e se divertir todas as noites. Onde vivemos na cidade, não sabemos direito nem o nome dos vizinhos a nossa volta! Foi uma sensação incrível viver essa realidade totalmente diferente de tudo que já vivemos, com certeza!
Depois de muita festa, carteado e cerveja a noite toda, o negócio foi acordar cedo e subir a serra de volta pra casa, depois de mais um final de semana incrível que tivemos!!!