quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

CHUPIN 2012 - PARTE 4

De Urubici partimos para São Joaquim. Como na ultima viagem fomos para Bom Jardim da Serra para Cruzar a fronteira com o Rio grande do Sul, desta vez iríamos atravessar por São Joaquim para conhecer tão famosa a cidade mais fria do Brasil.




Sinceramente, o turismo de inverno em São Joaquim deve ser incrível, mas no verão, a cidade não tem nada!!! A única coisa que tem na cidade é uma praça com um boneco de plástico representando um boneco de neve e a uma grande igreja. Mas como era natal, aproveitamos para ficar na cidade, comer uma pizza, tomar umas cervejas e umas caipiras!!!



Partimos de São Joaquim, agora voltando às estradas de terra, com destino à divisa de estados entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Logo cedo o sol já castigava. Foram muitos quilômetros de decida atá o Rio pelotas e o calor ia só piorando. Como a região é bem isolada, não tínhamos muito o que fazer a não ser pedalar pra chegar em São José dos Ausentes no mesmo dia.


Ainda antes do meio dia, chegamos ao Rio Pelotas e entramos no Rio Grande do Sul. A alegria era enorme, a Jéssica tirou foto até com o celular pra poder enviar ao pai dela e às pessoas que não acreditavam que chegaria tão longe!!!
Passada a animação, voltamos à realidade, havíamos descido muitos quilômetros até o Rio Pelotas e sabíamos que teríamos um longa subida até São José dos Ausentes a partir dali.




E foi realmente uma longa subida, foram 12 km de subida sem parar. A subida não era muito íngreme, mas o calor estava demais, suávamos parados descansando e a água das garrafinhas esquentava muito rápido.
Foi aí que tivemos o primeiro susto da viagem. Começaram a aparecer bolhas de queimadura no braço da Jéssica, devido o fortíssimo sol que estávamos pegando desde manhã e dos dias anteriores. Começamos a ficar assustados, pois a cada quilômetro as bolhas aumentavam o sol piorava e a Jéssica já estava muito cansada. Demoramos um bocado pra vencer aquela subida e o braço dela só piorava.



Quando chegamos na vida Silveira, 20 km antes de São José dos Ausentes, paramos numa padaria para fazer um lanche e conversar. Em poucos minutos, tomamos 2 litros de suco, de tanta sede que estávamos. A fisionomia da Jéssica não era das melhores, o cansaço era visível e a preocupação com as bolhas era maior ainda. Pela primeira vez, tocamos no assunto de desistir da viagem e voltar pra casa...
Queríamos muito conhecer Cambará do Sul, a terra dos Cânions, e agora era apenas mais um dia de pedalada até lá. Decidimos então pedalar por mais um dia, conheceríamos Cambará do Sul, e se as bolhas de queimadura continuassem, voltaríamos pra casa.



Pedalamos os 20 km até São José dos Ausentes, onde decidimos ficar numa pousada. Compramos comida e fizemos um delicioso cachorro quente, com uma salsicha muito suspeita, acompanhado de um delicioso vinho pra recurarmos as forças e dormirmos tranquilos!!!


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

CHUPIN 2012 - PARTE 3

Saímos de Blumenau bem cedo com destino a Gaspar, Brusque e Botuverá. Tudo muito tranquilo até Brusque, onde o cabo de marcha da minha bike arrebenta e somos obrigados a parar pra trocar.



Pouco antes de chegar a Botuverá paramos para cozinhar o almoço num ponto de ônibus (ficamos quase duas horas no ponto e nenhum ônibus passou por ali). Quando estávamos terminando um garoto passou de moto e parou pra ver o que fazíamos. Contamos que estávamos vindo de Curitiba e ele achou o máximo, disse que pedalava por ali e queria muito poder fazer uma viagem assim também e perguntou se queríamos água, refrigerante, comida, bolacha que ele iria buscar na casa dele. Disse que estávamos com bastante comida e havíamos terminado de almoçar, mas uma garrafa de água congelada seria muito bem vinda para voltarmos pra estrada. Ele disse que iria em casa ver o que tinha e já voltava. Não demorou muito e voltou com uma garrafa de água congelada. Perguntou de novo se queríamos comida e novamente disse que não, mas mesmo assim o garoto saiu correndo e voltou com os olhos meio tristes dizendo que só tinha dois pacotes de miojo em casa. Não sabíamos nem o que dizer pra agradecer o gesto do garoto.


De Botuverá pra frente era novamente estradas de terra, com mais paisagens lindas, rios beirando a estrada e umas pontes que dava muuuito medo de atravessar.






Sabíamos que havia um parque alguns quilômetros à frente da cidade. Pedalamos bastante, roubamos mamão na beira da estrada, tiramos fotos e chegamos ao Parque Municipal das Grutas de Botuverá para acampar. Mas pra nossa decepção o parque estava fechado e não havia ninguém lá para pedirmos permissão pra acampar dentro do parque. Entramos no parque, fomos até a entrada das grutas, que são fantásticas e voltamos a estrada para procurar um lugar pra passar a noite.



Mais alguns quilômetros pedalados e chegamos a um pequeno vilarejo com algumas casas e uma igreja. Procuramos o responsável pela igreja e pedimos pra pernoitar no pátio da igreja. Ele não apenas permitiu, como nos deixou usar o banheiro da igreja para tomar banho, além de nos convidar para um delicioso café com a família dele!!!



De Botuverá fomos para Vidar Ramos e então Imbuia. Esse sem dúvida foi o dia de maior dificuldade de toda a viagem!!! Logo de saída pegamos uma serra de uns 15 quilômetros com muita inclinação, onde o cansaço batia a cada quilometro pedalado. Sem contar que o dia estava muito quente, com um sol de rachar. Neste dia suamos mais que todos os outros dias juntos. Pra se ter uma ideia da subida que enfrentamos, em vários pontos, carros que passavam por nós derrapavam e voltavam pra trás quando tentavam subir alguns trechos da serra.


Apesar de todo o cansaço, o que nos alegrava, e muito, era estar pedalando em mais um lugar fantástico, com uma paisagem ímpar. Tiramos várias fotos de tirar o folego. A estrada, sem guard-rail, beirava o penhasco em vários momentos.



Passamos por um vilarejo, onde encontramos um mercadinho. Compramos um refrigerante, ovos e cebola pra fazer um omelete junto com macarrão. Tirei tudo dos alforges, acendi o fogo, comecei a esquentar a água do macarrão, quando aparece um casal curioso perguntar o que estávamos fazendo. O fim da história nem preciso contar né... Eles nos fizeram guardar tudo de novo pra almoçar com eles. Desta vez insistimos para ficar ali, pois já estava tudo quase pronto, mas não teve jeito, eles nos levaram pra almoçar com eles. E até que não foi mal, afinal o cardápio era costela assada e porco assado... huuummm...


Depois do almoço foi difícil pegar a estrada, mas pegamos. E pra variar, mais subidas intermináveis!!! Depois de muito sofrimento chegamos no topo da serra, onde começamos uma descida longa e alucinante até a cidade de Vidal Ramos!!! De Vidal até Imbuia a estrada já era asfalto, mas desta vez foram mais de 10 quilômetros de subida sem nenhuma reta e nenhuma descida. Mais uma vez bastante cansativo. Terminamos o dia em Imbuia, muito, mas muito cansados!!!


 De Imbuia seguimos para Alfredo Wagner, mas agora sem tantas subidas até lá. Seguimos por uma estrada que ainda não estava pronta, mas que nos garantiram que de bike dava pra passar. Em alguns pontos dava medo de passar, parecia que tudo ia desmoronar em cima da gente em alguns pontos.




De Alfredo Wagner sabíamos que enfrentaríamos mais uma difícil etapa na viagem, a subida da serra para Urubici, passando por Bom Retiro. Desta vez não foi tão sofrida, devido a ser asfalto e não estarmos tão cansados como no dia anterior.




quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

CHUPIN 2012 - PARTE 2

Saímos de Campo Alegre com destino a Jaraguá do Sul, descendo a Serra pela SC-416, uma estrada não pavimentada com descidas alucinantes e praticamente nenhum movimento de veículos, devido à precariedade da estrada em alguns trechos. 
Com a chuva forte do dia anterior, a estrada estava bem molhada e em alguns pontos a lama era inevitável, nos obrigando até a descer da bike para passar, pois ficávamos atolados no barro quando tentávamos pedalar!!!


Nunca tinha andado por esta estrada, mas com certeza quero voltar a pedalar por lá, tamanha é a beleza que existe por lá e que não é todo lugar que a gente encontra!!!


Quase não existem sítios ou residências nesta descida de Serra, então a paisagem que tínhamos para curtir eram os rios que acompanhavam a estrada, a mata nativa, que por muitos quilômetros formavam um túnel verde belíssimo e as cigarras que faziam um barulho muito alto que mal conseguíamos conversar um com o outro. 
O único problema era que por ser mata nativa, os mosquitos tomavam conta. Toda vez que parávamos para curtir o lugar, tirar fotos, comer ou beber algo, os mosquitos tomavam conta da gente, nos obrigando a subir rapidinho na bike pra fugir deles.


 No meio da descida eu pedalava pouco a frente da Jéh, quando escuto ela dar um grito bem alto. Na hora eu pensei: "Ferrou! Ela caiu da bicicleta!". Olho pra trás e a vejo em cima da bike tremendo e com os dois pés pro alto, fora dos pedais. Ela ainda meio sem ar diz: "Acabei de passar em cima de uma cobra viva!".
Claro que eu me rachei de dar risada enquanto ela mal conseguia falar, tamanho o susto que levou!



Chegando em Jaraguá do Sul perto do meio dia, debaixo de um sol escaldante. Almoçamos e depois de um bom e longo descanso nos bancos da fábrica da Malwee, atravessamos a cidade com destino a Pomerode. Perto da saída da cidade a Jeh disse que precisava muito ir ao banheiro no primeiro posto de gasolina que aparecesse. Dito e feito, entramos no primeiro posto que encontramos e quando fomos estacionar as bikes, um casal que bebia cerveja na lanchonete do posto saiu correndo em nossa direção.
Eles eram Douglas e Isabel, um casal que também viaja, mas de carro. Acharam o máximo a gente de bicicleta com as bagagens e queriam muito tirar uma foto com a gente. Perguntaram de onde a gente vinha e quando dissemos que vinhamos de Curitiba e que iríamos para o Chui eles disseram que iriam pagar um refrigerante e nos mandaram sentar pra conversar. E até esse momento a Jeh ainda não tinha conseguido ir ao banheiro, hehehe.


Enquanto tomávamos o refrigerante eles nos disseram pra esperar pra sair porque iria cair uma tempestade, pois estava subindo uma nuvem da represa tal e outra da represa tal. Eles realmente conhecem do lugar, pois passou alguns minutos e começou uma tempestade fortíssima, que nos pegaria desprevenidos se estivéssemos na estrada.


A tarde foi passando e a chuva não passava, então eles perguntaram onde iríamos dormir. Dissemos que dormimos acampados em qualquer lugar, e que se a chuva não parasse acamparíamos ali no posto mesmo.
Eles então disseram que queriam que dormíssemos na casa deles, pois a chuva não iria passar e a gente ainda tinha muita coisa pra conversar. Ainda disseram que a noite eles iriam num churrasco na casa de um casal amigo deles, Eliane e Bira, que já foi pro Chui de carro e poderia pegar algumas dicas com eles.
Ficamos bastante sem jeito, mas eles insistiram tanto pra irmos que ficamos até envergonhados de dizer não.


Conversamos bastante sobre viagens, aventuras, sobre a vida, tomamos umas cervejas, demos risadas e nos divertimos bastante a noite inteira. Muito bom conhecer pessoas divertidas como eles.
No dia seguinte Douglas e Isabel nos levaram para conhecer o parque da Malwee, pois eles disseram que era lindo demais e não poderíamos ir embora sem conhecê-lo.
Eles tinham toda a razão, o parque é incrível, muito grande, com lago para as pessoas pescarem, pistas de corrida, de ciclismo, salão de festas, churrasqueiras, quiosques, pista de bicicross, restaurante, um labirinto verde muito divertido e outras coisas mais. E é tudo mantido pela empresa que não cobra nada para entrar no parque.


Alem de todo o verde e do lazer existente no parque, eles possuem um acervo enorme de antiguidades e muitas outras que ficam a mostra em vários museus dentro do parque. Valeu muito a pena aceitar o convite deles pra conhecer o parque!!!




Na volta do parque, almoçamos com toda a família de Douglas e Isabel, tiramos algumas fotos e pegamos estrada novamente, agora com destino à Pomerode e Blumenau.


Saindo de Jaraguá do Sul, entramos no famoso Vale Europeu Catarinense, um dos melhores lugares do país pra se pedalar sem dúvida alguma. Já passamos por lá de bike várias vezes, mas nenhuma é igual a outra, sempre fazemos rotas diferentes e conhecemos tudo o que é possível.

A chegada em Blumenau não foi muito animadora, nunca havíamos estado lá e queríamos muito conhecer a cidade. Porém, quando entramos na cidade, parecia que estávamos em Curitiba de volta. O transito era terrível, não tinha ciclovia para andar e não era possível andar na calçada. Tínhamos que dividir espaço com os carros e eles não nos respeitavam nenhum pouco, típico de cidade grande né. Como já era tarde e o tempo estava começando a virar pra chuva, decidimos procurar um hotel ou pousada pra passar a noite. Pedimos informação pra uma senhora num ponto de táxi e ela disse que poderíamos passar a noite em seu apartamento, que seríamos muito bem vindos lá com a família dela. Aceitamos o convite e pra lá fomos com a dona Maria dormir no apartamento onde ela morava.


quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

CHUPIN 2012 - PARTE 1

Foram muitos dias de ansiedade, mas enfim o dia 19 de dezembro de 2012 chegou e era hora de realizar mais um sonho de viagem de bicicleta!!!
Como combinado, saímos com bastante sono, às 6:00 da matina da frente da casa da Jessica com o pai dela tirando fotos e fazendo vídeos da nossa partida.


Andamos menos de 30 km e tivemos a primeira "alegria" da viagem, um pneu furado!!! Nem dava pra acreditar, mal havíamos saído de Curitiba e já fura um pneu. o Furo era minúsculo, então procurei por algum pedaço de arame preso ao pneu ou a fita anti furo (que não é tão anti assim) mas nada encontrei. Então troquei a câmara do pneu e seguimos viagem.


Andamos apenas 50 km pelo asfalto, até Tijucas do Sul, e a partir daí começamos a pedalar pelas estradas de terra, passando por Bateias de Baixo até Campo Alegre, destino do primeiro dia, onde dormiríamos na casa do Rodrigo, nosso amigo de escaladas.


Andar por estradas de terra é mais cansativo, desgastante, as subidas são mais íngremes, mas é cem vezes mais agradável e compensador do que pedalar pelo asfalto tomando baforada dos escapamentos dos caminhões nas rodovias. A paisagem é muito melhor, o transito é quase nenhum, as pessoas são mais acolhedoras, pedalamos ouvindo o som dos pássaros e das cigarras, sem contar que no fim do dia você está parecendo um tijolo, de tanta poeira que tem no corpo, hehehe.
Cruzamos com boiadas no meio da rua, passamos por plantações de tudo que é tipo, fumo, arroz, soja, erva mate, batata...


Logo no primeiro dia já tivemos um bom teste de resistência, pois até Bateias de Baixo foram muitas, mas muitas subidas dificílimas pelas estradas de terra (não se engane pelo nome, Bateias de Baixo fica bem mais alto do que se pensa), sem contar que nos perdemos uma vez, entrando errado numa bifurcação, onde tivemos que parar para pedir informação pra um senhor de idade, morador dali.


Quando chegamos em Bateias de Baixo, paramos numa lanchonete pra fazer um lanche. Neste meio tempo, o céu começou a ficar escuro e a tempestade não demorou muito pra cair. Ficamos um tempo parado na lanchonete e quando a chuva passou saímos para percorrer os 12 últimos quilômetros até Campo Alegre.
Andamos uns 5 km e o céu escureceu novamente e mais uma vez chuva. Continuamos pedalando debaixo de chuva mesmo, pois faltava pouco até a cidade, porém, a chuva foi engrossando e virou um temporal! Não tinha lugar pra se esconder e tivemos que pedalar os últimos quilômetros sem mal conseguir enxergar a frente, devido aos grossos pingos de água que caíam nos olhos.


Chegamos em Campo Alegre ensopados. Eu sabia a rua onde o Rodrigo morava, mas não sabia qual era a casa. Passamos em frente a casa dele mas não o vimos, então lá saiu ele correndo e gritando debaixo de chuva atrás de nós.
Toda a família do Rodrigo foi muito generosa e carinhosa com a gente. Tomamos um banho bem quente,  tomamos um bom café, lavamos as roupas molhadas e dormimos na casa deles, já que a chuva não parava pra armarmos a barraca no quintal.
Logo depois do banho fomos com o Rodrigo dar uma brincada na academia de escalada de Campo Alegre "Pé na Agarra", onde escalamos, batemos um papo e demos umas risadas com os amigos do Rodrigo.


Agradecemos de coração ao Rodrigo e a toda a sua família pela forma que nos receberam em sua casa. É muito bom viajar e poder contar com a amizade e o carinho de pessoas como vocês!!! Obrigado!!!