domingo, 18 de dezembro de 2016

CIRIRICA - O K2 Paranaense

Há muitos anos atrás, quando eu e a Jé ainda nem namorávamos, tinhamos um grupo de amigos super legal que topava qualquer aventura. Foi com essa galerinha que subi pela primeira vez muitas montanhas e fiz muitas trilhas pela nossa região. Uma dessas aventuras foi tentar subir o Morro Ciririca. Lembro que na época diziam que o Ciririca era o K2 Paranaense, a montanha mais difícil de subir e que poucos conseguiam a façanha. Mas nós como bons e loucos aventureiros fomos lá.
Estávamos em 7 pessoas e havia chovido bastante na semana em que fomos. Só para chegar na fazenda onde inicia a trilha foi um parto, os carros não conseguia subir um trecho da estrada, ficamos atolados, tivemos que largar o carro bem longe da fazenda e ir a pé até o inicio da trilha. Iniciamos a trilha muito tarde e boa parte da trilha estava tomada por lama e bambus. Alguns trechos eramos obrigados a tirar as mochilas e rastejar sobre os bambus arrastando as mochilas no chão. Sem contar que diversas vezes perdemos a trilha e levávamos um bom tempo tentando reencontrá-la.
Resumindo a história, tivemos uma série de perrengues, um atrás do outro e não chegamos nem na metade da trilha quando conversamos e decidimos abandonar a aventura, pois já era tarde e não iriamos conseguir chegar no cume antes do anoitecer.
Depois disto a nossa turma se dispersou, cada um tomou um rumo na vida e não voltamos mais para o Ciririca. Mas eu deixo barato essas coisas, e quando não consigo fazer algo, parece que fica engasgado e eu não sossego enquanto não conseguir fazer aquilo.
Foi então que conversando com o Vinicius (Harry) decidimos retomar essa difícil aventura e partimos só os dois desta vez (muita gente em uma trilha difícil as vezes acaba atrapalhando mais que ajudando). A Jé queria ir, mas estava na fase final do TCC e não conseguiria ir desta vez. Então era só nós dois mesmo.





O Pico do Ciririca é a montanha com trilha mais distante da Serra do Mar e por isso ela se tornou um mito entre os os montanhistas de Curitiba e região. Mesmo tendo trilha, é uma montanha exigente na navegação e também na parte física.
Um dia antes de irmos, o Harry mandou uma mensagem dizendo que estava ansioso e meio nervoso pra ir pra lá. Eu disse na lata que dessa vez não tinha volta, que iriamos dormir no cume do Ciririca nem que eu tivesse que carregar ele nas costas até la em cima, mas que eu não voltaria atrás, hehehe.
Desta vez fomos mais precavidos de tudo: saímos de casa muito cedo para começar a trilha antes das 7 da matina, levamos facão para abrir qualquer bambuzal e tinhamos um GPS com Tracklog salvo. Dessa vez não teria erro e não teria volta mesmo!!!






A trilha do Ciririca é linda e pode ser dividida em dois trechos bem distintos: até a bifurcação que leva ao Camapuã e Tucum a trilha é bem aberta, demarcada e não tem erro. Dali pra frente a trilha aumenta bastante a dificuldade, começam subidas e descidas mais íngremes, cruza rios cachoeira, com alguns trechos de "escalaminhada". Este trecho da trilha é bastante úmido e fechado, quase não se vê o céu até chegar no trecho de mata aberta.
Quando saímos do trecho fechado já estávamos bem molhados e uma forte neblina fechou toda a vista das montanhas em volta. Quanto mais subíamos mais fechado ficava e menos conseguíamos enxergar algo. 
Logo que sai da mata existe uma grande rampa com elevada inclinação, sem grampos, cordas ou correntes. Acredito que seja o trecho mais técnico da trilha, mas sem grandes dificuldades, deve-se apenas ter cuidado e atenção.
Chegando no topo, encontrei a marcação do cume do morro, mas não conseguíamos ver as placas e nem um local pra acampar devido à forte nevoa que cobria o morro. 
Enquanto o Harry dava uma descansada eu larguei a mochila e continuei pela trilha atrás de um local pra armarmos a barraca. Poucos passos depois, consegui avistar em meio a nevoa a primeira das placas "enigmáticas" do Cirirca. Sensacional aquilo!!! 
Voltei para pegar a mochila e avisar o Harry e advinha só, o piá estava dormindo deitado no chão, de tão cansado que estava da caminhada hehehe.




Encontramos um bom lugar pra montar a barraca e tratamos de armar logo ela, pois a névoa gelada e úmida já estava começando a judiar dos nossos corpos cansados. Depois disso foi só fazer aquela janta esperta, descansar bem e torcer pra que no outro dia o tempo nos ajudasse e pudéssemos ver alguma coisa.

Antes do sol nascer, acordei e abri a porta da barraca, o visual foi incrível, aquela placa metálica gigantesca na nossa frente, parecia uma capa de álbum do Pink Floyd. Que sensação indescritível foi aquela que senti; O dia estava perfeito! Céu limpo, algumas nuvens abaixo de nós e o sol nascendo lentamente no nosso litoral! Tirei tantas fotos que foi até difícil selecionar qual postar por aqui.
Fizemos aquele café esperto e curtimos cada instante daquela manhã. Depois foi levantar acampamento, arrumar as mochilas e rumar pra casa com aquela sensação de dever cumprido!!!
Mais uma montanha conquistada! Mais uma aventura feita! Ficam as fotos aí pra vocês se deliciarem!!!
Agradeço de coração mais uma vez ao meu brother e parceiro de trilhas! Valeu Harry!!!



















domingo, 4 de dezembro de 2016

A 1ª Montanha Nunca se Esquece - Camapuã

Acabamos ficando um bom tempo longe do blog, mas nunca longe das nossas aventuras. E como é gostoso saber que amigos ainda acessam nossas aventuras pelo blog e nos cobram que estamos esquecendo de escrever as ultimas trilhas e viagens que andamos fazendo. Vamos então devagarzinho relembrando e revivendo as ultimas trips que aprontamos por aí afora!

Fazer uma boa aventura e acampar pelas montanhas é sensacional, mas poder levar amigos que nunca fizeram isso antes e fazê-los sentir o que sentimos com a natureza à nossa volta é uma das coisas gostosas que há. Convidamos nossos primos Vanessa e Fabiano que nunca haviam subido uma montanha antes e escolhemos uma não tão difícil e gostosa pra acampar: Camapuã.
Como sempre convidamos muita gente pra ir conosco, mas desta vez que topou a parceria foi o Julio, amigos de muitas aventuras já!
Quando alguém vai pela primeira vez subir uma montanha e acampar, sempre me perguntam várias coisas como o que levar, o que comer, faz frio, faz calor... Sempre tentamos explicar ao máximo como as coisas são e como fazer para o passeio ser o mais agradável e prazeroso possível. 
Minha primeira montanha com pernoite foi no Pico Paraná (à muuuuito tempo atras, rsrs), uma trilha difícil e nenhum pouco indicada para iniciantes. Eu era jovem e tinha toda disposição do mundo pra vencer o cansaço, mas tivemos problemas com frio e água por exemplo, pois na época não conhecíamos muito sobre montanhismo e o acesso às informações não eram tão fáceis como hoje.



O Pico Camapuã fica no município de Campina Grande do Sul, região metropolitana de Curitiba e está localizado no sudoeste da Serra Ibitiraquire, possui aproximadamente 1.706 metros com uma vista para os picos Itapiroca, Tucum, Pico Paraná e entre outros da serra, além de uma vista para a Represa do Capivari. Sua subida leva cerca de 3 à 4 horas num ritmo leve.




O dia estava um pouco nublado, mas com temperatura bastante agradável para a caminhada. Fizemos a subida num ritmo tranquilo, curtindo cada pedacinho da trilha. Todos com uma baita mochila pesada nas costas e a Vanessa com uma bolsinha com seus documentos! (Motivo para muitas piadas e risadas durante todo o final de semana).
Chegando ao cume do Camapuã as meninas ficaram descansando enquanto Fabiano, Julio e eu fomos fazer um ataque no Tucum e buscar água para passar a noite. 




Depois disto foi só curtir o fim da tarde e o lindo pôr do sol que aquele dia nos reservava, com direito a uma formação de nuvens espetacular! Assim que a noite caiu o frio veio com tudo, então o negócio foi fazer aquela janta deliciosa de montanha e dormir cedo pra repor as energias e se preparar pra curtir um amanhecer sem igual que a montanha nos reservava!!!
As fotos a seguir dizem por si só...

























Agradecemos de coração ao Julio e à Vanessa e Fabiano que estiveram conosco nessa deliciosa aventura, e esperamos que os dois tenham se divertido e curtido a montanha tanto quanto nós sempre curtimos!