Saímos de Campo Alegre com destino a Jaraguá do Sul, descendo a Serra pela SC-416, uma estrada não pavimentada com descidas alucinantes e praticamente nenhum movimento de veículos, devido à precariedade da estrada em alguns trechos.
Com a chuva forte do dia anterior, a estrada estava bem molhada e em alguns pontos a lama era inevitável, nos obrigando até a descer da bike para passar, pois ficávamos atolados no barro quando tentávamos pedalar!!!
Nunca tinha andado por esta estrada, mas com certeza quero voltar a pedalar por lá, tamanha é a beleza que existe por lá e que não é todo lugar que a gente encontra!!!
Quase não existem sítios ou residências nesta descida de Serra, então a paisagem que tínhamos para curtir eram os rios que acompanhavam a estrada, a mata nativa, que por muitos quilômetros formavam um túnel verde belíssimo e as cigarras que faziam um barulho muito alto que mal conseguíamos conversar um com o outro.
O único problema era que por ser mata nativa, os mosquitos tomavam conta. Toda vez que parávamos para curtir o lugar, tirar fotos, comer ou beber algo, os mosquitos tomavam conta da gente, nos obrigando a subir rapidinho na bike pra fugir deles.
No meio da descida eu pedalava pouco a frente da Jéh, quando escuto ela dar um grito bem alto. Na hora eu pensei: "Ferrou! Ela caiu da bicicleta!". Olho pra trás e a vejo em cima da bike tremendo e com os dois pés pro alto, fora dos pedais. Ela ainda meio sem ar diz: "Acabei de passar em cima de uma cobra viva!".
Claro que eu me rachei de dar risada enquanto ela mal conseguia falar, tamanho o susto que levou!
Chegando em Jaraguá do Sul perto do meio dia, debaixo de um sol escaldante. Almoçamos e depois de um bom e longo descanso nos bancos da fábrica da Malwee, atravessamos a cidade com destino a Pomerode. Perto da saída da cidade a Jeh disse que precisava muito ir ao banheiro no primeiro posto de gasolina que aparecesse. Dito e feito, entramos no primeiro posto que encontramos e quando fomos estacionar as bikes, um casal que bebia cerveja na lanchonete do posto saiu correndo em nossa direção.
Eles eram Douglas e Isabel, um casal que também viaja, mas de carro. Acharam o máximo a gente de bicicleta com as bagagens e queriam muito tirar uma foto com a gente. Perguntaram de onde a gente vinha e quando dissemos que vinhamos de Curitiba e que iríamos para o Chui eles disseram que iriam pagar um refrigerante e nos mandaram sentar pra conversar. E até esse momento a Jeh ainda não tinha conseguido ir ao banheiro, hehehe.
Enquanto tomávamos o refrigerante eles nos disseram pra esperar pra sair porque iria cair uma tempestade, pois estava subindo uma nuvem da represa tal e outra da represa tal. Eles realmente conhecem do lugar, pois passou alguns minutos e começou uma tempestade fortíssima, que nos pegaria desprevenidos se estivéssemos na estrada.
A tarde foi passando e a chuva não passava, então eles perguntaram onde iríamos dormir. Dissemos que dormimos acampados em qualquer lugar, e que se a chuva não parasse acamparíamos ali no posto mesmo.
Eles então disseram que queriam que dormíssemos na casa deles, pois a chuva não iria passar e a gente ainda tinha muita coisa pra conversar. Ainda disseram que a noite eles iriam num churrasco na casa de um casal amigo deles, Eliane e Bira, que já foi pro Chui de carro e poderia pegar algumas dicas com eles.
Ficamos bastante sem jeito, mas eles insistiram tanto pra irmos que ficamos até envergonhados de dizer não.
Conversamos bastante sobre viagens, aventuras, sobre a vida, tomamos umas cervejas, demos risadas e nos divertimos bastante a noite inteira. Muito bom conhecer pessoas divertidas como eles.
No dia seguinte Douglas e Isabel nos levaram para conhecer o parque da Malwee, pois eles disseram que era lindo demais e não poderíamos ir embora sem conhecê-lo.
Eles tinham toda a razão, o parque é incrível, muito grande, com lago para as pessoas pescarem, pistas de corrida, de ciclismo, salão de festas, churrasqueiras, quiosques, pista de bicicross, restaurante, um labirinto verde muito divertido e outras coisas mais. E é tudo mantido pela empresa que não cobra nada para entrar no parque.
Alem de todo o verde e do lazer existente no parque, eles possuem um acervo enorme de antiguidades e muitas outras que ficam a mostra em vários museus dentro do parque. Valeu muito a pena aceitar o convite deles pra conhecer o parque!!!
Na volta do parque, almoçamos com toda a família de Douglas e Isabel, tiramos algumas fotos e pegamos estrada novamente, agora com destino à Pomerode e Blumenau.
Saindo de Jaraguá do Sul, entramos no famoso Vale Europeu Catarinense, um dos melhores lugares do país pra se pedalar sem dúvida alguma. Já passamos por lá de bike várias vezes, mas nenhuma é igual a outra, sempre fazemos rotas diferentes e conhecemos tudo o que é possível.
A chegada em Blumenau não foi muito animadora, nunca havíamos estado lá e queríamos muito conhecer a cidade. Porém, quando entramos na cidade, parecia que estávamos em Curitiba de volta. O transito era terrível, não tinha ciclovia para andar e não era possível andar na calçada. Tínhamos que dividir espaço com os carros e eles não nos respeitavam nenhum pouco, típico de cidade grande né. Como já era tarde e o tempo estava começando a virar pra chuva, decidimos procurar um hotel ou pousada pra passar a noite. Pedimos informação pra uma senhora num ponto de táxi e ela disse que poderíamos passar a noite em seu apartamento, que seríamos muito bem vindos lá com a família dela. Aceitamos o convite e pra lá fomos com a dona Maria dormir no apartamento onde ela morava.